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18.1.11

Cadeira de praia, rede preguiçosa ou cova rasa

Desculpe a ousadia, mas não aguento mais assistir aos noticiários e verificar a morosidade e lentidão com que agem nossas autoridades no caso das tragédias na serra do Rio de Janeiro. Isentando os bombeiros e voluntários, estes sim, verdadeiros heróis e que evitaram que a tragédia tivesse ainda maiores proporções. Desde pequenininho, e olha que faz um bom tempo, que ouço falar em área de risco - inclusive fui vítima de enchente em 1957 em União da Vitória e senti na pele o que é sofrer e repartir com outros o ônus da incompetência de nossos governantes. Sempre tive uma preocupação e já sugeri alguma solução para as nossas autoridades em todos os níveis e nunca encontrei eco. Talvez porque a solução seja simples demais. Por ocasião da última grande tragédia em Santa Catarina tentei junto aos nossos deputados estaduais, federais e também não obtive resposta. Apelei então para minha amiga Olga Bongiovani, na época na Rede TV e que é catarinense de nascimento. Ela sensibilizada procurou outro amigo comum Flávio Durso, presidente da OAB em São Paulo, mais seu diretor de Meio-Ambiente Carlos Sanseverino. Eles abarcaram a idéia e foram ao então ministro Carlos Mink. Até audiência com o então governador Luiz Henrique marquei e conseguimos no dia da realização do WTC no Costão do Santinho, que o governador nos recebesse. Jornalista Moacir Perreira e Moacir Benvenutti foram meus convidados e testemunharam a reunião. O Ministro Minc aceitou a idéia e sugestão e liberou madeiras – todas de lei e qualidade – aprendidas pelo Ibama e Polícia Federal na região Amazônica. Olha que são madeiras que dá para resolver o problema de todos os sem teto deste País. A ideia é que estas fossem trazidas já cortadas em dois ou três modelos de casas pré-fabricadas e transportadas de navio até nossos portos, em kits que poderiam ser enviados para qualquer local onde necessárias. O governador gostou da idéia e marcou uma reunião já na segunda-feira na Comissão de Reconstrução de SC, presidida pelo ex senador Geraldo Althof, pedindo que eu lá estivesse e fizesse uma exposição do assunto. Não deu outra. Meus amigos que aqui vieram por conta e risco retornaram para São Paulo e na segunda-feira lá estava eu novamente enfrentando estrada para participar da dita reunião. Nunca vi tanta gente junta. Se todos que ali estavam ajudassem de alguma forma, acredito que várias casas poderiam ser levantadas. Expliquei, fui questionado, ouvi algumas besteiras tais como: “pobre não gosta de casa de madeira” e até “que os motoristas que transportariam estas madeiras até o porto para embarque poderiam ser assaltados”. Engoli em seco. O único entusiasmado foi um representante da Fatma que inclusive informou que o governo tinha um grande valor para receber em multas de um armador e que poderia ser feita uma negociação em troca do frete para o transporte desta madeiras. Nada aconteceu. Persisti. Enviei um dossiê completo sobre o assunto para Rede Record, Globo, prefeituras e câmaras de vereadores dos municípios do Vale do Itajaí, região atingida. Nunca em nenhum momento alguma resposta. Agora vemos toda a balela novamente, prefeitos entrelaçando mãos e posando para fotos e câmeras. Anúncio de supercomputadores. E a ação das Forças Armadas? Um absurdo a demora com que chegam e decidem. Mais de uma semana para instalar um hospital de campanha. Helicópteros que chegam sem combustível. Já sabemos e conhecemos o resultado de tudo isso. As famílias irão enterrar seus mortos e passado o sétimo dia ninguém toca mais no assunto. Aliás a lama já levantando poeira. Sei que estou me alongando, mas quero lembrar ainda da polêmica sobre a liberação dos recursos para ajudar Santa Catarina durante a campanha política. De um lado a oposição ao Lula acusando que o Governo não liberou os recursos, de outro o próprio presidente determinando à Controladoria da União que provasse as liberações e exigindo explicações sobre as aplicações. Afinal, mais um assunto que caiu no esquecimento e que deve está estar repousando em uma cadeira de praia, numa rede bem preguiçosa ou em uma cova rasa. Vamos fazer um 2011 melhor, depende de nós.

Pedro Alberto Skiba

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