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11.8.11

O avesso do espelho: O Rumo Óbvio redutonegativo.blogspot.com


O Primeiro a vacilar, morre! Não tem colher de chá, arrego, Agô. O Primeiro a dar a cara a tapa, mia o gemido final. Estavam todos acuados, estáticos, foragidos da lei desumana que garante a manutenção das comunidades ignoradas pela cidade sem perdão. Na ausência da cidadania, estabeleceu-se a anarquia auto-suficiente. A renda vem do que os vícios consomem – e se algo mais se faz necessário, pega-se à força, de fora para dentro: dos ricos para os pobres, dos cidadãos para os marginalizados, dos filhos de Deus para os filhos do cão. E assim, se mantém equilibrada a desigualdade social no Rio de Janeiro. Três escondidos: um dopado, dois sóbrios desesperados. Como motivação para a inércia, a certeza de que um movimento, seguro ou em falso, lançaria todos no mesmo vão: uma cova funda, ao invés de três rasas. As dívidas falaram mais alto do que as considerações que cada um deles inspirava. Já não podiam pagar pelas próprias loucuras, bancar o direito à perdição; e muito menos enganar a mais alguém – além de si mesmos. Sem dinheiro, recorreram à divida. Sem garantias, penhoraram suas vidas. Sem saída, recorreram à fuga. Sem planejamento estratégico, seguiram o rumo óbvio, o caminho das matas escolhido por todos os prometidos do morro. Lá, como de hábito, foram surpreendidos. Acuados, seguiram o próprio espanto, desviaram as atenções e se entocaram. Deixam um rastro, foram cheirados, perseguidos, encontrados e cobrados: com o próprio fim. Dois morreram de pronto, o outro depois de muito agonizar. Viraram ração para os urubus, despacho para Oxossi, adubo para a mata atlântica e inspiração para as crianças da comunidades que, ainda incapazes de provar os delírios manipulados, preferiam contornar a infância brincando de serem traficantes e viciados.
Rejane Marques 11 de agosto de 2011 12:31
O Primeiro a vacilar, morre! Não tem colher de chá, arrego, Agô.

O Primeiro a dar a cara a tapa, mia o gemido final.

Estavam todos acuados, estáticos, foragidos da lei desumana que garante a manutenção das comunidades ignoradas pela cidade sem perdão. Na ausência da cidadania, estabeleceu-se a anarquia auto-suficiente. A renda vem do que os vícios consomem – e se algo mais se faz necessário, pega-se à força, de fora para dentro: dos ricos para os pobres, dos cidadãos para os marginalizados, dos filhos de Deus para os filhos do cão. E assim, se mantém equilibrada a desigualdade social no Rio de Janeiro.

Três escondidos: um dopado, dois sóbrios desesperados. Como motivação para a inércia, a certeza de que um movimento, seguro ou em falso, lançaria todos no mesmo vão: uma cova funda, ao invés de três rasas.

As dívidas falaram mais alto do que as considerações que cada um deles inspirava. Já não podiam pagar pelas próprias loucuras, bancar o direito à perdição; e muito menos enganar a mais alguém – além de si mesmos. Sem dinheiro, recorreram à divida. Sem garantias, penhoraram suas vidas. Sem saída, recorreram à fuga. Sem planejamento estratégico, seguiram o rumo óbvio, o caminho das matas escolhido por todos os prometidos do morro. Lá, como de hábito, foram surpreendidos. Acuados, seguiram o próprio espanto, desviaram as atenções e se entocaram. Deixam um rastro, foram cheirados, perseguidos, encontrados e cobrados: com o próprio fim.

Dois morreram de pronto, o outro depois de muito agonizar. Viraram ração para os urubus, despacho para Oxossi, adubo para a mata atlântica e inspiração para as crianças da comunidades que, ainda incapazes de provar os delírios manipulados, preferiam contornar a infância brincando de serem traficantes e viciados.
O avesso do espelho: O Rumo Óbvio
redutonegativo.blogspot.com

2 Comentários:

  • Adorei ver meu texto publicado aqui.
    Adorei esse espaço.

    Vou seguir e indicar no meu blog.

    Se puder, dá uma passada lá também.

    Abraços!

    http://redutonegativo.blogspot.com
    www.twitter.com/rejane_marques

    Por Blogger AssiZ de Andrade, às 4:47 PM  

  • ASSIZ DE ANDRADE seu trabalho é muito bom, seja bem vinda,
    sempre que tiver trabalhos
    de interesse publico estou a disposição para publicar um abraço Dora

    Por Blogger Doroty Dimolitsas, às 1:16 PM  

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